O mundo literário ainda é um universo predominantemente masculino, onde muitos ainda desconhecem os grandes nomes de escritoras brasileiras. Mas mesmo diante da falta de incentivo do mundo literário, essas mulheres são premiadas e reconhecidas internacionalmente.
Realmente, é muito mais fácil lembrar o nome de grandes escritores homens, quando pensamos em obras clássicas. Você duvida? Ok, lá vai um desafio. Faça uma lista com os nomes das escritoras brasileiras que você conhece e me conta nos comentários.
As mulheres representam metade da humanidade e mesmo assim, apenas 15 de 116 vencedores do Nobel de Literatura são mulheres, conforme divulgado pelo site Exame. Uma demonstração das consequências de um problema sociocultural enraizado em uma sociedade patriarcal.
Por muitos anos as mulheres foram impedidas de escrever e isso teve um impacto que influencia até hoje o universo literário. Hoje, temos como exemplo, a Academia Brasileira de Letras, onde das 40 cadeiras disponíveis para membros, apenas cinco são ocupadas por mulheres.
Pensando nisso, elaboramos uma lista com as maiores escritoras brasileiras de renome na literatura. Essas mulheres passaram por muitas situações difíceis para contribuir com inúmeros clássicos, então vamos admirar e valorizar suas obras. Agora confira alguns clássicos dessas grandes escritoras!
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Clarice Lispector
Para começar a lista de grandes escritoras brasileiras com muito estilo e personalidade, conheça Clarice Lispector. Nascida na Ucrânia e naturalizada no Brasil, ela se auto-intitulava como pernambucana. E só isso já diz muito sobre sua personalidade!
Mas além disso, Clarice foi uma grande escritora e jornalista brasileira, autora de vários romances, contos e ensaios. Ela é reconhecida como uma das escritoras mais importantes do século XX e a maior escritora judia desde Franz Kafka.
Clarice se destacou na fase do Modernismo Brasileiro, onde colocou em dúvida os modelos narrativos tradicionais com seus romances inovadores, com linguagem altamente poética, enigmática e introspectiva.
Umas das características das obras de Clarice Lispector é retratar cenas do cotidiano. Porém, ela prende a atenção do leitor com diversos dilemas existenciais de suas personagens e utilizando intensos fluxos de pensamentos.
Portanto, é bastante compreensivo do porquê ela é considerada uma das grandes escritoras brasileiras, né? Mas, ela também recebeu vários prêmios como, por exemplo, o Prêmio Carmem Dolores Barbosa (1961), o Prêmio Graça Aranha (1943) e o Prêmio Jabuti (1961, 1978).
“O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado.” – Clarice Lispector
Principais obras de Clarice Lispector
- Perto do coração selvagem (1944)
- Laços de família (1960)
- A maçã no escuro (1961)
- A legião estrangeira (1964)
- Felicidade clandestina (1971)
- A hora da estrela (1977)
Rachel de Queiroz
Rachel de Queiroz também foi uma grande escritora brasileira, romancista, tradutora, jornalista, teatróloga cearense e importante dramaturga brasileira. Mas, ela também foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1994.
Sim, estamos falando de uma mulher conquistadora, mas ela não parou por aí! O seu primeiro romance “O Quinze”, conquistou o prêmio da Fundação Graça Aranha em 1930, e Rachel também foi a primeira mulher a receber o Prêmio Camões em 1993.
Eu ainda preciso falar que ela ganhou vários outros prêmios para te convencer que ela é um dos grandes nomes no universo literário? Porque ela de fato ganhou vários outros prêmios importantes.
Essa grande escritora brasileira pertence à segunda geração modernista e foi com o seu primeiro romance “O Quinze” que ela conquistou seu reconhecimento. O livro é uma obra de fundo social, que retrata a dramática realidade que os retirantes nordestinos estavam submetidos durante a seca que assolou o Nordeste em 1915.
“Fala-se muito na crueldade e na bruteza do homem medievo. Mas o homem moderno será melhor?” – Rachel de Queiroz
Principais obras de Rachel de Queiroz
- O Quinze (1930)
- João Miguel (1932)
- Caminho de Pedras (1937)
- As Três Marias (1939)
- Três Romances” (1948)
- 100 Crônicas Escolhidas (1958)
Hilda Hilst
Considerada uma das grandes escritoras em língua portuguesa do século XX, Hilda Hilst foi uma grande poetisa, cronista, dramaturga e ficcionista brasileira. Seus livros e poemas tinham como características abordar o universo feminino com seus desejos e sentimentos.
De forma mais clara, Hilda abordava sobre o amor, erotismo, sexualidade, moral e costumes, entre outros temas que eram considerados “polêmicos” para sua época. Por isso, é inegociável que Hilda era uma mulher muito à frente do seu tempo e que enfrentou os preconceitos da sociedade para publicar suas obras.
Hilda Hilst fez parte da geração de 45, ou seja, terceira geração Modernista, em que escritores buscavam a reabilitação de regras mais rígidas para a composição dos versos. Além disso, o seu primeiro livro de poesia foi publicado em 1950, intitulado como “Presságio”.
E claro que Hilda também foi muito premiada por suas obras. Hilda ganhou o Prêmio APCA de melhor livro do ano, em 1977, com o livro Ficções de Hilda Hilst. E em 1981 ganhou o Grande Prêmio da Crítica pelo Conjunto da Obra – Associação Paulista de Críticos de Arte.
“Ama-me, é tempo ainda.” – Hilda Hilst
Principais obras de Hilda Hilst
- Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (1974)
- 32 Crônicas: Cascos & Carícias e Outros Escritos (2018)
- Da Prosa (2018)
- Em 132 Crônicas estão presentes textos inéditos de Hilda Hilst (1992 e 1995)
- Teatro Completo – O Verdugo Seguido De A Morte do Patriarca – Vol. 2 – Ed. De Bolso (1967 a 1969)
Conceição Evaristo
A doutora Maria Conceição Evaristo, nasceu em família pobre, é segunda filha de 9 irmãos, sendo a primeira da sua casa a conseguir um diploma universitário.
Em 1996, Conceição defendeu seu trabalho de conclusão de mestrado em Literatura Brasileira na Pontifícia, na Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). O tema da sua dissertação teve como título a Literatura Negra: uma poética da nossa afro-brasilidade.
Com todo o seu empenho, ela também concluiu seu doutorado em 2011, com a tese “Poemas Malungos – Cânticos Irmãos”, na Universidade Federal Fluminense (UFF). E aí, entendeu o porquê de doutora?
Em suas obras, poesia e prosa, Conceição retrata a vivência das mulheres negras no Brasil, abordando temas como a discriminação racial, violência urbana, discriminação de gênero e de classe e resistência, e a ancestralidade africana.
Sendo assim, entre seus livros mais famosos, temos o livro “Olhos d’água” que foi vencedor do Prêmio Jabuti em 2017. A obra reúne 15 contos que abordam a miséria, desigualdade social e os dilemas sobre o amor, a vida e a ancestralidade africana.
“Minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra” – Conceição Evaristo
Principais obras de Conceição Evaristo
- Becos de memória (2006)
- Poemas da recordação e outros movimentos (2008)
- Histórias de leves enganos e parecenças (2016)
- Insubmissas lágrimas de mulheres (2011)
- Ponciá Vicêncio (2003)
Lygia Fagundes Telles
Chegou o momento de falar sobre a – maior – dama da literatura brasileira ainda vida, Lygia Fagundes. Grande escritora paulistana, romancista e contista, que cresceu rodeada de histórias de terror e de personagens folclóricos.
Em 1938, Lydia publicou seu primeiro livro de contos, intitulado de “Porão e Sobrado”, onde seu pai financiou a publicação da obra, ou seja, a sua estreia no mundo literário. Porém, não precisou de muito tempo para que Lydia se tornasse uma escritora famosa e reconhecida no Brasil e internacionalmente.
Portanto, Lygia Fagundes é uma grande representante do movimento pós-modernismo e suas obras ganharam inúmeros prêmios. O romance, “As meninas”, publicado em 1973, ganhou alguns prêmios, entre eles, o prêmio Jabuti e o Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras.
Enfim, o que não falta são motivos para Hilda compor a nossa lista de grandes escritoras brasileiras, né?!
Mas, ela também é uma das poucas mulheres que conseguiu ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, e ser membro da Academia Paulista de Letras, e da Academia de Ciências de Lisboa. Suas obras retratam temas clássicos e discutem questões existenciais, como a condição da mulher na sociedade, além de temas como o amor, a morte, a loucura, a fantasia e o medo.
“Não peça coerência ao mistério nem peça lógica ao absurdo.” – Lygia Fagundes Telles
Principais obras de Lygia Fagundes Telles
- Ciranda de Pedra (1954)
- Verão no Aquário (1965)
- Antes do Baile Verde (1969)
- As Meninas (1974)
- Invenção e memória (2001)
- As Horas Nuas (1989)
- A noite escura e mais eu (1995)
Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus é uma mulher negra, pobre e catadora de papel de uma favela de São Paulo, que ficou conhecida pelo seu livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960. Carolina foi uma das primeiras escritoras negras no Brasil e é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras negras do país.
Como forma de manifesto social, Carolina escrevia para fugir da sua realidade, escrevia críticas sociais e registrava a realidade da favela. Ou seja, a fome, o racismo e a invisibilidade social em seus diários. Carolina não teve uma vida fácil, durante o dia ela escrevia e a noite ela trabalhava como catadora de papel e guardava para ler todas as revistas que encontrava.
Em 1958, sua história de luta foi descoberta e tem seu diário publicado com o título “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” com ajuda do jornalista Audálio Dantas, com tiragem de dez mil exemplares. Sua obra se tornou um best seller e foi traduzido em 14 idiomas, tornando-se um dos livros mais populares no exterior.
“As crianças ricas brincam nos jardins com seus brinquedos prediletos. E as crianças pobres acompanham as mães a pedirem esmolas pelas ruas. Que desigualdades trágicas e que brincadeira do destino.” – Carolina Maria de Jesus
Principais obras de Carolina Maria de Jesus
- Quarto de despejo (1960)
- Casa de alvenaria (1961)
- Diário de Bitita (1986)
- Meu estranho diário (1996)
Cora Coralina
Você sabia que a Caro Carolina é uma das escritoras brasileiras mais importantes no mundo literário nacional? Pois é, a poetisa e contista brasileira publicou seu primeiro livro aos 75 anos, tornando-se uma das melhores vozes femininas. Além de ser considerada como uma das escritoras mais importantes no mundo literário nacional.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto é o pseudônimo utilizado por Cora, sendo o destaque da poesia do estado de Goiás. E apesar de ela ter começado a escrever ainda na adolescência, Cora só conseguiu realizar o sonho de publicar seu primeiro livro “O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais” em 1965.
Seu primeiro livro foi considerado como uma das obras mais importantes do século XX, pelo jornal O Popular, de Goiânia. E em 1970, Cora Carolina passa a ser uma das poucas mulheres a ter posse de uma cadeira na Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás.
Já em 1976, ela lança seu segundo livro “Meu Livro de Cordel”, ao qual recebeu muitos elogios do grande poeta Carlos Drummond de Andrade, em 1980.
Suas obras retratam sua vida simples no interior, além de falar sobre o tempo, futuro e a realidade das mulheres em 1900. Seus versos singelos, delicados e muito profundos conquistaram o prêmio Juca Pato, da União Brasileira dos Escritores e em 1984, Cora foi nomeada para a Academia Goiana de Letras, ocupando a cadeira nº. 38.
“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores.” – Cora Coralina
Principais obras de Cora Coralina
- Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (1965)
- Meu livro de cordel (1976)
- Vintém de cobre: meias confissões de Aninha (1983)
- Os Meninos Verdes, infantil, (1980)
- Tesouro da Casa Velha (1996) (obra póstuma)
Depois de entrar no mundo da literatura, e conhecer o papel importante dessas mulheres, basta decidir por qual obra começar a leitura. Portanto, separe um momento na sua agenda para isso e convide alguns amigos para conhecer esses grandes nomes da literatura brasileira.
Mas antes que tal conhecer 6 filmes para aprender sobre abolição da escravatura para o ENEM? Afinal, o período da abolição da escravatura foi um acontecimento histórico e você já sabe que o ENEM exige dos estudantes contextos históricos e interpretação de acontecimentos no país e no mundo.
Fala sério, não tem jeito melhor de estudar do que lendo livros e assistindo filmes, né?! Ah, caso você tenha alguma indicação de livros ou filmes conta para a gente nos comentários! Então, você já sabe fique ligado (a) no blog do Amigo e fique por dentro das novidades do mundo universitário e das melhores condições de bolsas para começar a escrever a sua história.