Temas ligados ao movimento LGBTQIAPN+ são extremamente importantes e devem circular cada vez mais na sociedade, a fim de fazer com que mais pessoas fiquem por dentro do assunto. 

Além disso, o conhecimento é essencial para cessar qualquer tipo de preconceito. 

Por isso, Mirtes Moraes, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisadora das questões de gênero, história e arte, veio compartilhar o seu conhecimento sobre o movimento LGBTQIAPN+

O movimento LGBTQIAPN+ e o preconceito 

A história do movimento LGBTQIAPN+ é marcada por muitas lutas e conquistas, mas também pelo preconceito.  

Para Mirtes, a maior deficiência ou maior obstáculo ao abordar a causa LGBTQIAPN+ é justamente esse fato. “O preconceito pode ser traduzido como conceito prévio, a ideia do senso comum que se espalha, mas que, na verdade, a pessoa nem sabe exatamente de onde veio esse pensamento.” 

Ela explicou que chamamos isso de viés inconsciente. Ou seja: julgamentos generalizados e automáticos que são reproduzidos ao invés de serem refletidos.  

Movimento LGBTQIAPN+: o conhecimento é a resposta 

Diante do argumento anterior, é compreensível que, para evitar qualquer tipo de preconceito, a chave seja o conhecimento sobre o tema. 

Segundo a pesquisadora, a informação é muito importante. Por isso, sempre é importante  ouvir pessoas que passaram por experiências identitárias, para pensarmos um mundo mais plural. Mas o mundo plural não se fecha na singularidade.  

Ou seja, não é porque eu não sou LGBT+ que não posso conhecer sobre o assunto. 

Como pessoas não LGBTQIAPN+ podem se informar sobre o assunto 

Há diversas formas das pessoas que não fazem parte da comunidade buscarem informações sobre o assunto LGBTQIAPN+. 

O conselho da pesquisadora é sair da bolha para exatamente perceber que as pessoas LGBTQIAPN+ são humanas e que se deve ter respeito pela escolha delas, assim como pelas formas de identidade delas. 

“Quando a gente fala com o público jovem, tem que pensar na forma de comunicação que este público está se articulando, que são as redes sociais. Nelas, podemos perceber uma forma em potencial para buscar informações.” 

Confira algumas páginas de sites e influenciadores: 

  • Todxs é uma ONG que tem uma página no Instagram que contém dados e pesquisas sobre a comunidade LGBTQIAPN+
  • O site da jornalista Maira Reis é muito interessante e aprofundado. No Youtube, podemos assistir alguns vídeos: Para Tudo, da Drag Lorenay Fox, e Põe na Roda; 
  • Canal das Bee: um canal contra o preconceito, a favor da diversão e de viver a vida do jeito que você quiser; 
  • ONG Mães pela Diversidade, que reúne mães preocupadas com a violência e com o preconceito contra seus filhos que pertencem a comunidade LGBTQIAPN+. 
     

Movimento LGBTQIAPN+: como as empresas podem incorporar a diversidade 

Hoje, vários estudos comprovam que as empresas que mais investem em diversidade têm um maior número na receita. Isso porque a diversidade promove backgrounds que, por sua vez, contribuem para o aumento da criatividade e produção.  

“Mas, para tanto, é necessário um conjunto de ações que devem começar não apenas na contratação (RH), mas sim desde as altas lideranças, adotando formas de políticas inclusivas, estimulando os colaboradores a se engajarem com o tema”, alegou Mirtes. 

Ela também ressaltou que existem várias formas de violência contra as pessoas que fazem parte do grupo LGBTQIA+ e uma delas é a violência psicológica. Nesse sentido, deve-se pensar e propor a construção de um ambiente saudável, não tóxico, fazendo com que as pessoas LGBT+ sejam respeitadas e ouvidas.  

De acordo com a professora, uma das formas de incluir essas questões no cotidiano corporativo seria por meio da educação, implementando treinamentos e políticas internas para educar os colaboradores e inibir o desrespeito e a discriminação.  

Discussões sobre o assunto LGBTQIAPN+ e a inserção de crianças/adolescentes 

Muitos especialistas na área de educação infantil afirmam que não existe uma idade certa para falar sobre a homossexualidade. A questão deve partir da criança que, em algum momento, certamente abordará o tema em casa porque teve algum tipo de contato com pessoas LGBT+.  

“Os pais, segundo esses especialistas, devem conscientizar as crianças para que não sejam preconceituosas. Aliás, as conversas podem ser caminhos de aproximações entre pais e filhos e também para que sempre estejamos abertos para aprender e não repreender”, disse Mirtes. 

Falas preconceituosas e suas consequências  

Falas preconceituosas sempre carregam um grande peso negativo, independentemente do autor. 

Porém, quando são ditas por pessoas de destaque ou poder, podem acelerar os problemas atrelados às intolerâncias e aos preconceitos contra pessoas LGBT+. 

No mundo contemporâneo em que vivemos, o conceito de pós-verdade, as desinformações promovidas pelas Fake News e a sua reverberação por pessoas de destaque podem acelerar esses problemas.  

O Movimento LGBTQIAPN+ em constante evolução  

Na opinião da Mirtes, ainda falta despertar a humanidade que existe em cada um de nós. 

“Talvez o caminho seja abrir um espaço de escuta, conhecer o outro sem julgamento, sem as amarras dos vieses inconscientes, permitindo que tudo isso faça com que as pessoas reflitam sobre o respeito à opção alheia”, completou. 

A visibilidade das siglas e seus significados 

A contextualização da sigla do movimento pode ser articulada a essa resposta, conforme a pesquisadora.  

“Se no começo os ativistas usavam GLS para incluir gays, lésbicas e simpatizantes ao movimento, a inserção do “L” na frente com a sigla LGBT foi exatamente nesse sentido. Ou seja: para pensar que, nesse movimento, as lésbicas ainda tinham pouca visibilidade”. 

Dessa mesma forma, com o passar do tempo, outras letras foram adicionadas no intuito de dar visibilidade, respeitar esses sujeitos sociais e suas respectivas identidades.   

Foi uma conversa incrível e repleta de ensinamentos, não é mesmo? É muito importante que a gente sempre busque novas formas de adquirir conhecimento e, com isso, possa lutar por um mundo mais justo e que respeite a comunidade LGBTQIAPN+