Você com certeza já deve ter ouvido falar em renda familiar per capita, ou, em algumas situações, precisou calcular a média salarial de cada um da sua família, seja para se inscrever em programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, ou para se inscrever em algum programa estudantil do Governo Federal.
Mas afinal, o que é a renda familiar? Como calcular? Essas e outras dúvidas você confere neste conteúdo. Fique até o final e entenda como você pode usar esse indicador para participar de alguns modelos de ingresso na faculdade. Bora lá? Boa leitura!
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O que é considerado renda familiar?
A renda familiar é um indicador que representa a média de renda por pessoa em um lar. A renda familiar per capita é obtida dividindo-se a soma de ganhos mensais de todos os membros da família. Vale destacar que neste caso, calcula-se a renda bruta mensal, e não a renda líquida.
A renda líquida é o valor do salário após a realização dos descontos obrigatórios no holerite, como INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e imposto de renda. Entende-se como renda bruta o salário total, sem qualquer desconto. Importante mencionar que esse cálculo é feito com todos os rendimentos recebidos pelos membros da família, incluindo salários, renda de trabalho autônomo, pensões, auxílios, benefícios previdenciários, aluguéis e entre outros.
A renda familiar per capita é usada para diversos fins, bem como:
Concessão de benefícios sociais: programas estudantis do governo federal e de instituições financeiras utilizam da renda familiar per capita como critério de seleção.
Análise de qualidade de vida: a renda familiar per capita é um excelente indicador do nível de desenvolvimento social de uma comunidade.
Avaliação da capacidade de pagamento: instituições financeiras costumam usar esse fator para determinar a capacidade de pagamento de seus clientes em produtos como empréstimo, crédito e financiamento.
Vamos conferir mais detalhes sobre este tópico ao longo deste conteúdo!
O que não é considerado renda familiar?
Existem alguns rendimentos que não são considerados para o cálculo da renda familiar per capita, como:
- Doações esporádicas
- Prêmios de loteria
- Venda de bens
- Rescisões de contrato de trabalho
- Saques do FGTS
- Benefícios como vale-alimentação e vale-transporte
- Indenizações
- Herança
Esses itens são excluídos porque a renda familiar considera apenas os ganhos regulares e mensais provenientes de atividades.
Quais são os tipos de renda familiar?
A renda familiar pode ser classificada em três tipos:
Renda bruta familiar: soma de todos os rendimentos brutos da família, sem nenhuma dedução.
Renda líquida familiar: renda bruta familiar deduzida dos descontos obrigatórios.
Renda familiar per capita: renda bruta familiar dividida pela quantidade de pessoas que compõem a família.
Além disso, existem também as faixas de renda familiar, que é a “posição” que cada família se encontra em indicadores socioeconômicos no Brasil, pois revelam a proporção populacional que está mais próxima das classes altas ou das classes baixas.
Antes de conferir as faixas de renda familiar de cada classe, é importante pontuar que esses valores variam todos os anos, já que são utilizados diferentes fatores, como o salário-mínimo, a situação econômica do país, quantidade de pessoas e outros. Os dados a seguir são referentes ao ano de 2023, cujo salário mínimo era de R$ 1.302.
Classe A
Fazem parte da Classe A da sociedade as pessoas mais ricas da população brasileira, que ganham valores acima de 20 salários-mínimos (R$ 26.040).
Classe B
Já a Classe B refere-se a quem tem ganhos superiores a 10 salários-mínimos, e não ultrapassam os 20 salários-mínimos. A renda familiar mensal dessa classe fica entre R$ 13.020 e R$ 24 mil.
Classe C
Pertencem a Classe C famílias que têm rendimentos superior a 4 salários-mínimos e inferior a 10 salários-mínimos. Para essa classe, os valores são entre R$ 5.208 e R$ 11 mil.
Classe D e E
E por último, Classe D e E. O IBGE considera integrantes dessas classes todas as famílias que têm ganhos por mês entre 2 e 4 salários-mínimos. Os membros da Classe D têm rendimentos de até 4 salários-mínimos, ou seja R$ 3.900. Já a Classe E, as pessoas da família devem ter uma renda de até no máximo 2 salários-mínimos (R$ 2.600).
Como fazer o cálculo da renda familiar per capita?
Para algumas situações da vida você precisará descobrir qual é a sua renda familiar. E como calcular isso? É bem simples de modo geral. Mas primeiramente, será necessário descobrir a modalidade, se é mensal ou per capita.
No caso da renda familiar mensal, basta somar todos os valores de salário, aposentadoria e outras rendas fixas que os membros da família que moram com você recebem.
Já a renda familiar per capita, você precisa fazer a mesma soma da renda familiar mensal, porém, irá dividir o resultado pelo número de pessoas que integram a família, até aqueles que não contribuem financeiramente.
Confira a renda dessa família:
- Mãe: R$ 1.850
- Pai: R$ 2.900
- Filha: R$ 1.320
- Filho: R$ 1.320
- Avó: R$ 1.412
Somando os salários e rendimento de todos os membros desta família, chegamos ao valor de R$ 8.802. Portanto, uma família que tem 5 pessoas, a renda per capita é de R$ 1.760.
Como já mencionado, mas não custa lembrar, todos os rendimentos dos moradores da mesma casa devem ser considerados, não apenas o salário mensal, caso seja empregado. Desse modo, comissões, pensões e outros ganhos já destacados neste conteúdo devem fazer parte do cálculo.
Veja também: saiba como comprovar renda no Prouni
Para que é usada a renda familiar per capita?
A renda familiar per capita não é somente utilizada para concessão de benefícios sociais. É também um indicador importante para o desenvolvimento de políticas públicas, sociais e planejamento econômico dentro de uma comunidade.
Uma das finalidades desse fator socioeconômico é para avaliação da pobreza e distribuição de renda. Este indicador permite que governos, organizações e instituições de pesquisa identifiquem a proporção populacional que vivem em condições de pobreza. Ao fazer o cálculo da renda familiar per capita, é possível identificar quais famílias estão abaixo da linha de pobreza. Isso ajuda a direcionar recursos e projetos de políticas de assistência social e maneiras mais eficientes de diminuir o impacto social na vida dessas pessoas. A exemplo de programas de transferência de renda está o Bolsa Família.
A renda familiar per capita também é amplamente utilizada para o planejamento de políticas públicas, ou seja, os governos utilizam desse indicador para decidir onde investir em educação, saúde, infraestrutura e outros serviços. Por exemplo, em regiões mais pobres, há sempre um investimento maior em escolas, hospitais e programas de desenvolvimento e capacitação profissional. Isso contribui para a diminuição da desigualdade regional e social.
Empresas e investidores usam da análise de renda familiar per capita para definir estratégias de mercado, como onde abrir novas lojas, quais tipos de produto oferecer naquela comunidade e quais serão os preços desses serviços.
No setor das políticas de habitação, a renda familiar per capita é um indicador fundamental para a concessão de subsídios e financiamento de moradias populares. Programas habitacionais usam desse critério para determinar quem é elegível ao benefício, e, a partir disso, conseguem propor redução de taxas de juros em financiamentos imobiliários. O programa Minha Casa Minha Vida do governo federal é um exemplo de projeto que utiliza do cálculo da renda familiar per capita para selecionar as famílias beneficiárias.
Organizações internacionais utilizam da renda familiar per capita como um componente crucial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Este índice avalia o desenvolvimento dos países com base na saúde, educação e padrão de vida. O indicador da renda familiar entra como uma das principais chaves para determinar o padrão de vida de cada família, refletindo, automaticamente, no acesso das pessoas aos bens e serviços que permitem uma vida digna.
E por fim, no setor da educação, a renda familiar per capita é bastante utilizada, principalmente para concessão de benefícios que permitem o acesso à educação de qualidade. Alunos de baixa renda, por exemplo, podem garantir bolsas de estudo, merenda escolar e transporte gratuito usando como base esse indicador.
O critério da renda familiar per capita também se estende para o ensino superior. Hoje é possível ingressar em uma faculdade pública ou privada de qualidade pagando pouco ou até mesmo nada. Mas vale destacar que o fator socioeconômico não é o único a ser avaliado, mas também o desempenho do estudante no vestibular, por exemplo.
Prouni
O Programa Universidade para Todos (Prouni) é um dos exemplos de iniciativa do governo brasileiro que oferece bolsas de estudo integrais e parciais para cursos de graduação em instituições privadas de ensino superior.
É destinado, principalmente, para estudantes de baixa renda que tenham cursado todo o ensino médio em escola pública ou em escola privada como bolsista.
Fies
O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), assim como o Prouni, é um programa do governo federal que visa oferecer financiamento a estudantes de ensino superior em instituições privadas. O acesso à educação superior é para aqueles que não têm condições financeiras de pagar integralmente o valor das mensalidades.
Neste caso, os estudantes não precisam arcar com os custos mensais da sua graduação, e só começa a quitar a dívida após a conclusão do curso, com condições de pagamento facilitadas e juros subsidiados pelo governo.
Sisu
O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) permite que estudantes concorram a vagas em instituições públicas de ensino superior utilizando como base a nota e desempenho obtidas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o critério de renda familiar per capita.
Os programas governamentais não são os únicos a facilitar o ingresso ao ensino superior. O Amigo Edu, por exemplo, disponibiliza bolsas de graduação e pós-graduação em diferentes faculdades privadas do Brasil, com descontos que podem chegar a 80%.
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