Com o passar do tempo, tornou-se evidente a importância da ligação entre o autismo e educação. Por isso, para conscientizar sobre o Dia do Autismo, vamos falar um pouco da aliança fundamental para tornar a sociedade, especialmente as instituições de educação, mais inclusivas para essas pessoas. Vem descobrir mais sobre o assunto!
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O que é o autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), também conhecido como autismo, é uma condição de saúde que pode comprometer o desenvolvimento cognitivo e motor dos indivíduos.
Quem faz tal afirmação é a psicóloga e especialista em Educação Infantil e Especial Fabiana Soares Fernandes na PSIC, Revista de Psicologia da Vetor Editora. Em seu estudo intitulado “O corpo no autismo”, Fabiana ressalta que os traços do transtorno mudam de acordo com o caso.
A causa do autismo ainda não é totalmente conhecida e é explicada pelos médicos como uma predisposição genética. Além disso, de acordo com especialistas, o transtorno tem interação com fatores genéticos e ambientais.
Estima-se que existam, no Brasil, cerca de dois milhões de autistas de acordo com Carolina Oliveira, autora do texto “Um retrato do autismo no Brasil” publicado na revista Espaço Aberto da Universidade de São Paulo (USP). Um levantamento do órgão norte-americano Center for Diseases Control and Prevention concluiu que a maioria dessas pessoas ainda não têm acesso a um tratamento adequado.
Assim, fica clara a importância no desenvolvimento e educação de crianças com autismo, visando a inclusão na escola ou na faculdade, respeitando sempre suas limitações.
Quais são os desafios no processo de inclusão do autismo e educação?
Ao longo dos anos, mais escolas/instituições passaram a destinar suas vagas também a pessoas diagnosticadas com autismo. No entanto, nem todas essas instituições estão preparadas para lidar com o processo de inclusão de alunos que vivem com o transtorno. No geral, o maior desafio tem relação com as dificuldades que os profissionais do núcleo de apoio à educação têm para lidar com as pessoas que vivem com TEA.
Nesses casos, é comum que o estigma e distanciamento de outros alunos levem o portador de TEA a desenvolver quadros de ansiedade. Isso também pode ocorrer, por exemplo, quando os colegas e/ou professores desconhecem o Transtorno do Espectro Autista, o que dificulta a adaptação pedagógica e didática.
Nesse contexto, em um ambiente inadequado e não preparado, a tentativa falha de inclusão desses indivíduos acaba resultando em depressão, ansiedade, fobias e dificuldades nos relacionamentos.
Assim, é preciso que as instituições estejam realmente preparadas, por meio de serviços e treinamento adequado por parte dos professores para receber estes alunos. Além disso, é fundamental conscientizar pais e demais alunos para que possam entender e conviver com as limitações enfrentadas pelos colegas autistas.
Qual a importância da inclusão da pessoa com autismo na educação?
Quando a inclusão do autismo e educação é efetiva, existem diversos benefícios à vida dos indivíduos diagnosticados com o transtorno. Isso porque é a partir da educação que essas pessoas poderão desenvolver suas habilidades, potencialidades e superar as suas dificuldades.
Dessa maneira, a ligação entre o autismo e educação é indissociável e abre portas para o desenvolvimento da pessoa que convive com o TEA. A educação ainda viabiliza a socialização em diversos ambientes, o que é positivo não apenas para o autista, como também para a sua família.
Como unir o autismo e educação em sala de aula?
Em sua monografia intitulada “Equoterapia: tratamento terapêutico na reabilitação de pessoas com necessidades especiais”, Marcus Lopes Bezerra citou Cirillo a fim de descrever a importância do entendimento sobre o TEA. No artigo, ele busca diferenciar as particularidades do transtorno que afeta as pessoas de formas diferentes.
“Cada indivíduo, portador de deficiência e/ou de necessidades especiais, é único, é diferente e possui o seu próprio perfil. Enfatiza-se com isso a necessidade de formular ‘programas personalizados’, levando em consideração as exigências para aquele indivíduo, naquela determinada fase de seu processo evolutivo”, ele escreveu. Tendo isso como ponto de partida, e sabendo que relacionar autismo e inclusão na educação é extremamente importante, vamos entender melhor como realizar essa inclusão de forma eficaz.
Promova uma relação de confiança com o estudante
Um profissional treinado, primeiramente, buscará saber sobre o caso específico daquele estudante, sempre visando a inclusão do autismo na educação.
Após primeiro passo, o estudante não se sentirá pressionado a aprender, já que o professor saberá da sua trajetória e irá planejar atividades de educação que irão respeitar as limitações do aluno.
Use uma linguagem objetiva
Pessoas com TEA podem apresentar certa dificuldade para compreender piadas ou interpretar expressões faciais. Por isso, é essencial que os professores utilizem uma linguagem objetiva, evitando o uso do sentido figurado.
Dessa maneira, ocorrerá uma troca clara e objetiva por meio do educador. O profissional poderá fazer com que o aluno entenda mais facilmente o que foi proposto em determinada atividade.
Utilize jogos
Utilizar jogos, figuras, imagens ou objetos é sempre uma boa alternativa dentro da sala de aula. Com as pessoas que foram diagnosticadas com TEA, isso não é diferente.
O único cuidado, aqui, deve ser entender se o aluno conta com limitações em relação a barulhos ou hipersensibilidade a cores, por exemplo. De maneira geral, esses tipos de atividades de educação costumam chamar mais a atenção dos estudantes com TEA, além de entretê-los.
Realize atividades de curta a média duração
Ao saber sobre a história e particularidades daquele aluno é mais fácil para o professor saber como será o seu dia a dia com aquele aluno, seja na escola ou em uma universidade.
Na maioria das vezes, pessoas diagnosticadas com autismo não se sentem confortáveis ao realizar a mesma tarefa por muito tempo. Por isso, o ideal é realizar atividades de curta ou média duração.
Instituições especializadas ou escolas regulares?
Durante décadas, as escolas buscavam isolar pessoas que foram diagnosticadas com TEA em instituições especializadas. Hoje, já se entende que essa não é a melhor escolha.
Uma vez que a inclusão é fundamental não apenas para os portadores do transtorno, mas também para os demais alunos, é preciso promover o convívio de todos em um ambiente diverso.
Vale ainda ressaltar que a decisão de inserir o aluno com o transtorno em escolas/universidades regulares ou especializadas cabe aos responsáveis.
No entanto, o ideal é ter uma conversa clara e objetiva tanto com os responsáveis pela instituição quanto com profissionais de saúde. Apenas após uma decisão conjunta será possível contar com um repertório maior para lidar com o autista.
Por isso, o ideal é que escolas regulares adotem a prática de atividades que envolvam o saber lúdico. Assim, elas poderão aproximar alunos com históricos diversos.
Avanços no entendimento do Transtorno do Espectro Autista
Com o passar do tempo, entendeu-se que quanto mais cedo o diagnóstico acontecer, maiores serão as chances das crianças com TEA terem um melhor desenvolvimento das habilidades sociais.
Além disso, outro avanço tem a ver com o tratamento da sociedade aos diagnosticados com TEA. O estudo é do médico Charles Nelson, professor de Pediatria e Neurociência na Universidade Harvard e responsável por um laboratório do Hospital Infantil de Boston.
Charles explica que muitas pessoas focam nas dificuldades do autista e deixam suas habilidades de lado. Para ele, “os interesses restritos (das pessoas com TEA) podem se tornar seu ponto forte”. Ele ainda acrescenta que essas pessoas podem ter habilidades em relação a memória ou números, por exemplo, podem se tornar brilhantes naquilo que mais desperta o seu interesse.
Dessa maneira, fica evidente a importância da inclusão na educação e também em todas as outras áreas. Apenas desta forma quem recebeu o diagnóstico de TEA terá seus pontos fortes estimulados e poderá não apenas viver, mas ter seus pontos fortes reconhecidos em escolas/universidades regulares e na sociedade em geral.